quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A Eucaristia nos Primeiros Séculos

 
Para falarmos da Eucaristia, temos diversas fontes, de onde tiramos grandes ensinamentos, sobre este mistério querido por Nosso Senhor Jesus, mas vamos expor aqui alguns ensinamentos que perduram na Tradição da Igreja e que confirmados pelo Sagrado Magistério, são fontes riquíssimas para a fé Católica.

No ano de 56, São Paulo já exorta a comunidade de Corinto sobre a dignidade da celebração Eucarística.

“De fato, eu recebi pessoalmente do Senhor aquilo que transmiti para vocês. Na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, o partiu e disse: "Isto é o meu corpo que é para vocês; façam isto em memória de mim." Do mesmo modo, após a Ceia, tomou também o cálice, dizendo: "Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; Todas as vezes que vocês beberem dele, façam isso em memória de mim." Portanto, todas as vezes que vocês comem deste pão e bebem deste cálice, estão anunciando a morte do Senhor, até que ele venha. Por isso, todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Portanto, cada um examine a si mesmo antes de comer deste pão e beber deste cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo, come e bebe a própria condenação.” (1 Cor 11, 26-29)

Paulo diz no versículo 26 “aquilo que recebi do Senhor”, ou seja, o que lhe foi transmitido pelos apóstolos que presenciaram a Instituição da Eucaristía, ele toma como palavra do Senhor e vai além deixando claro à comunidade de Corinto da dignidade de tal Instiuição, pois condena os que participam deste “banquete” de forma indigna.

A Tradição da Igreja sempre confirmou este ensinamento.

São Justino no I século vai dizer sobre a Eucaristia:

“Este alimento se chama entre nós eucaristia, não sendo lícito participar dele senão ao que crê ser verdadeiro o que foi ensinado por nós e já se tiver lavado no banho (batismo) da remissão dos pecados e da regeneração, professando o que Cristo nos ensinou. Porque não tomamos estas coisas como pão e bebida comuns, mas da mesma forma que Jesus Cristo, nosso Senhor, se fez carne e sangue por nossa salvação, assim também se nos ensinou que por virtude da oração do Verbo, o alimento sobre o qual foi dita a ação de graças – alimento de que, por transformação, se nutrem nosso sangue e nossas carnes – é a carne e o sangue daquele mesmo Jesus encarnado.”

No primeiro século a Igreja já entendia que a Eucaristia era a presença real de Cristo, sob as espécies consagradas e que deveria ser reverenciada como tal pelos comungantes, a Igreja exortava claramente aqueles que se aproximavam do sagrado mistério. “O que é santo para os santos” (Liturgia Bizantina).

“Quanto à verdade da carne e do sangue, não há lugar para dúvida: é verdadeiramente carne e verdadeiramente sangue, como vemos pela própria declaração do Senhore por nossa fé em suas palavras. Esta carne, uma vez comida, e estesangue bebido, fazem que sejamos também nós um em Cristo, e o Cristo em nós. Não é isto verdade? Não será para os que negam ser Jesus Cristo verdadeiro Deus! Ele está, pois, em nós por sua carne, e nós nele, e ao mesmo tempo o que nós somos está com Ele em Deus.” (São Hilário séc IV)

Os primeiros padres sem destemor anunciavam, a carne e o sangue de Cristo, como verdadeiro alimento, assim como o Senhor em  João 6,56, disse ser Ele o alimento vindo do céu.

As Catequeses Mistagógicas de São Cirilo de Jerusalém século IV confirmam:

“Este ensinamento do bem-aventurado Paulo foi estabelecido como suficiente para vos assegurar acerca dos divinos mistérios, dos quais tendo sido julgados dignos, vos tornastes concorpóreos e consangüíneos com Cristo. O próprio Paulo proclama precisamente: «Na noite em que foi entregue, Nosso Senhor Jesus Cristo, tomando o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e o deu a seus discípulos, dizendo: Tomai, comei, isto é o meu corpo. E tomando o cálice e tendo dado graças, disse: Tomai, bebei, isto é o meu sangue». Se ele em pessoa declarou e disse do pão: «Isto é o meu corpo», quem se atreveria a duvidar doravante? E quando ele afirma categoricamente e diz: «Isto é o meu sangue», quem duvidaria dizendo não ser seu sangue? Outrora, em Caná da Galiléia, por própria autoridade, transformou a água em vinho. Não será digno de fé quando transforma o vinho em sangue? Convidado às bodas corporais, realizou, este milagre maravilhoso. Aos companheiros do esposo não se concederá, com muito mais razão, a alegria de desfrutar do seu corpo e sangue?”

Quantos creem, em todos os milagres de Cristo, sobre a terra, mas quando se deparam com o incompreensível, onde Deus nos chama ao passo da fé em confiar Naquele que nunca mente, voltam atrás. 

“Portanto, com toda certeza recebemo-los como corpo e sangue de Cristo. Em forma de pão te é dado o corpo, e em forma de vinho o sangue, para que te tornes, tomando o corpo e o sangue de Cristo, concorpóreo e consangüíneo com Cristo. Assim nos tornamos portadores de Cristo (cristóforos), sendo nossos membros penetrados por seu corpo e sangue. Desse modo, como diz o bem-aventurado Pedro, «tornamo-nos participes da natureza divina»”.

Já vemos a certeza no século IV dos frutos da comunhão com Jesus na Eucarístia. Onde o comungante se torna um portador de Cristo.

“Não consideres, portanto, o pão e o vinho como simples elementos. São, conforme a afirmação do Mestre, corpo e sangue. Se os sentidos isto te sugerem, a fé te confirma. Não julgues o que se propõe segundo o gosto, mas pela fé tem firme certeza de que foste julgado digno do corpo e sangue de Cristo.”

É a fé que completa os sentidos, não que necessite fé para que Cristo esteja presente, pois Ele se faz presente, pela força de sua palavra proclamada sobre o  pão e o vinho, e não por causa da fé do comungante, todos que comungam, comungam Cristo, independente do tamanho de sua fé, mas é ela, que faz com que ao olharmos para o pão e o vinho consagrados, creiamos que ali esta Cristo inteiramente.

“Tendo aprendido e estando seguro de que o que parece pão não é pão, ainda que pareça pelo gosto, mas o corpo de Cristo, e o que parece vinho não é vinho, mesmo que o gosto o queira, mas o sangue de Cristo? e porque sobre isto dizia vibrando Davi: O pão fortalece o coração do homem, para que no óleo se regozije o semblante. (Salmo 104,15) fortalece o teu coração, tomando este pão como espiritual e regozije-se o semblante de tua alma. Oxalá, tendo a face descoberta, em consciência pura, contempleis a glória do Senhor, para ir de glória em glória, em Cristo Jesus Senhor Nosso, a quem a glória pelos séculos dos séculos. Amém”.

Nesta fidelidade dos primeiro padres da Igreja, vemos a do magistério até os dias de hoje, pois esta é a fé ensinada pela Igreja, qualquer ensinamento diferente deste, dentro da Igreja, seja por bispos, padre, religiosos ou leigos, esta em discordância e é anátema. É triste sabermos que entre nós ainda há pessoas que comungam como Judas, para trair, “sem distinguir corpo e sangue” como diz São Paulo. Por isso que somente enraizados na fidelidade ao ensinamento da Igreja, estaremos professando a fé de sempre, aquilo que recebemos do Senhor, por meio de seus apóstolos.

“No tempo messiânico que há de vir todos os sacrifícios cessarão, exceto o sacrifício da todah. Esse jamais cessará em toda eternidade.” Esta era uma afirmação dos rabinos antigos (Pesiqta, I, p 59)

A todah significa oferenda de ação de graças no hebraico, assim com a Eucaristia no grego, era a oferenda de ação de graças do AT e o Papa Bento XVI vai dizer: “Estruturalmente falando, a cristologia toda, na verdade a cristologia eucarística toda, está presente na espiritualidade da todah do AT”
 

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