segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Fazer o Bem - (Palavra do Pastor - Dom Alfredo Shafller)

 “Fazer o bem faz bem” é uma expressão que pode ser considerada “frase de efeito”, e até servir de enfeite em para-choque de caminhão.
Também é possível ser slogan de alguma campanha, embelezando agendas, calendários e outros recursos midiáticos.
Mas, a partir da convocação feita pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - a vivência do Ano da Paz - “fazer o bem faz bem” deve sintetizar um programa de vida pessoal, com o propósito humanístico e espiritual de contribuir para a conquista da paz.
Há uma preocupação geral em vista da superação das violências, desde aquelas praticadas contra a integridade física das pessoas até as que são classificadas como crimes “do colarinho branco”.
“Fazer o bem faz bem” pode ser uma fonte de inspiração para a transformação social.
Cultivar essa compreensão certamente ajuda a promover a qualidade de vida, fazendo com que cada indivíduo torne-se instrumento cidadão a serviço da paz.
 Trata-se de tarefa cristã, um propósito simples com efeito revolucionário.
 Fazer o bem é oferta que enriquece a pessoa, que contribui para mudar cenários desoladores das muitas violências que comprometem processos, acabam com vidas e promovem o avanço de uma cultura da disputa, da mesquinhez, do individualismo.
Fazer o bem inclui acima de tudo, no pluralismo da cultura contemporânea, o diálogo na construção de convicções e entendimentos.
 Do contrário, cresce a ditadura do “achismo” e a rigidez de pensamento que geram juízos inadequados.
 As consequências são preconceitos e distanciamentos que só favorecem a violência.
 Fazer o bem que faz bem requer competência humanística e dialogal, a ser permanentemente aprendida e, sobretudo, exercitada, para que não se multiplique a cultura beligerante de ataques desnecessários.
 Ao invés de apontar para os outros e indicar o que devem fazer é necessário que cada indivíduo avalie se está fazendo o bem.
Na contemporaneidade, partilha-se o privilégio singular de poder acompanhar processos, ter acesso a dados, poder aproximar-se de pessoas, comunidades e ambientes com recursos nunca disponibilizados.
 Ao mesmo tempo, essa facilidade pode se transformar em uma arma que coloca seres humanos em confronto, com resultados lamentáveis e irreversíveis.
 Os muitos recursos são apropriados, em diversas ocasiões, para alimentar violências, fundamentalismos, radicalismos e tantas situações de hostilidade entre grupos, povos, nações e indivíduos.
 Diante de todos está uma realidade complexa que pede atenção e cuidado. É preciso buscar caminhos para superar, por exemplo, a postura de certos indivíduos que, atrás de seus computadores, maquinam coisas, copiam e compartilham outras, submetem o mundo aos seus próprios critérios e, assim, ajudam a consolidar autoritarismos.
“Fazer o bem faz bem”, para ser além de uma simples frase de efeito, deve remeter a um proposito e se efetivar como compromisso.
 Uma oferta ao outro que se transforma em ganho.
Lógica de se ganhar pelo simples fato de se ofertar.
Um caminho que se opõe à ilusão de que só ganha quando se retém, que atacar é a melhor defesa e que a indiferença é remédio para não se deixar afetar pelo sofrimento alheio.
 Também é contramão da patologia de não se gostar de reconhecer o bem que o outro faz.
O dito “fazer o bem faz o bem”, transformado em programa de vida, ajudará na compreensão de que o diálogo é prioritário e no gosto pelo respeito à sacralidade de cada pessoa.
Tudo isso é fundamental para que prevaleça a honestidade no desempenho de papéis sociais, políticos, eclesiais e cidadãos.
Fazer o bem faz bem, será que não depende de cada um.

firmes na Fé

Dom Alfredo Schafller
Bispo Diocese de Parnaiba

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