terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Educação sexual das crianças e adolescentes

Muito se tem falado, nos últimos anos, de educação sexual. O tema é uma constante na pauta dos movimentos sociais, mas também é defendido pela Igreja, que, durante o Concílio Vaticano II, pediu que as crianças e os adolescentes "sejam formados numa educação sexual positiva e prudente, à medida que vão crescendo"01. Infelizmente, o que o mundo tem apresentado como modelo de educação sexual – especialmente por meio de organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas – é uma distorção, quando não uma completa negação, do autêntico plano de Deus para a sexualidade humana.

A principal contribuição do Magistério da Igreja para a educação sexual está em um ciclo de audiências gerais realizadas pelo bem-aventurado Papa João Paulo II, de 1979 a 1984. Os textos dessas catequeses estão disponíveis na Internet02, mas também foram reunidos na edição "Homem e mulher o criou: catequese sobre o amor humano", publicado pela Edusc03.

O impulso de João Paulo II em ensinar ao povo de Deus os fundamentos da sexualidade e do amor cristãos deu origem ao que se chama hoje "Teologia do Corpo". Christopher West, um católico comprometido com a difusão deste apostolado, escreveu o livro "Teologia do Corpo para principiantes"04, explicando aos leigos com linguagem mais simples aquilo que o Papa tinha exposto com termos teológicos. A quem lê em inglês, recomenda-se também Theology of the Body Explained ["Teologia do Corpo explicada"]05, do mesmo autor.

Além de estudar a Teologia do Corpo, à qual o site dedicará um curso em breve, recomenda-se a leitura de dois documentos da Cúria Romana, a fim de que se conheçam os princípios gerais para uma educação sexual católica.

O primeiro documento é da Congregação para a Educação Católica, de título "Orientações educativas sobre o amor humano – Linhas gerais para uma educação sexual"06. É um texto mais doutrinal a respeito do que deve ser a educação sexual cristã.

Algumas pessoas alegam que a Igreja era tradicionalmente contrária à educação sexual e isso só teria mudado com o Concílio Vaticano II, quando não é verdade. O Papa Pio XI, na encíclica Divini illius magistri, condenou o naturalismo presente na formação de sua época, reprovando "o erro dos que, com pretensões perigosas e más palavras, promovem a pretendida educação sexual, julgando erradamente poderem precaver os jovens contra os perigos da sensualidade, com meios puramente naturais, tais como uma temerária iniciação e instrução preventiva, indistintamente para todos"07. Mas, na mesma carta, considerava a possibilidade de uma apreciação positiva da sexualidade por parte de "quem recebeu de Deus a missão educadora e a graça própria desse estado".

Também em seu magistério, o Papa Pio XII sublinhou a importância de uma educação sexual sadia dentro da família – o que preparou o caminho para a declaração Gravissimum educationis. Em uma alocução de 1953, Pio XII sublinhava que "existe (...) uma educação sexual eficaz, que com segurança total ensina no sossego e de maneira objetiva o que o jovem deve saber para reger a si mesmo e lidar com aquilo que o cerca"08. Na encíclica Sacra Virginitas, o mesmo Pontífice falava da importância do pudor na formação das crianças:

    "O pudor sugere ainda aos pais e educadores os termos apropriados para formar, na castidade, a consciência dos jovens. Evidentemente, (...) este pudor não se deve confundir com o silêncio perpétuo que vá até excluir, na formação moral, que se fale com sobriedade e prudência dessas matérias. Contudo, com frequência demasiada nos nossos dias, certos professores e educadores julgam-se obrigados a iniciar as crianças inocentes nos segredos da geração duma maneira que lhes ofende o pudor. Ora, nesse assunto tem de se observar a justa moderação que exige o pudor."09

Neste documento da Congregação para a Educação Católica, é lembrado que "a família (...) é o melhor ambiente para cumprir a obrigação de garantir uma gradual educação da vida sexual"10. Infelizmente, na atual situação da sociedade, organismos e instituições internacionais alheios à família têm se juntado para ditar ao mundo como deve ser a educação sexual dos nossos filhos, ao passo que os governos locais têm seguido perfeitamente essa agenda. É urgente que os pais saiam da inércia e digam: "Basta! Os valores morais para os nossos filhos daremos nós!"

Os pais devem colocar no coração e na consciência de seus filhos que "sexo é família", em contraposição à equação que foi introduzida na consciência geral das pessoas, de que "sexo é diversão".

Quando e como falar sobre essas coisas com as crianças? Em primeiro lugar, é importante nunca mentir para os filhos. Não se deve criar teorias malucas para explicar-lhes as coisas, como é o caso da conhecida história da cegonha, mas, revelando as coisas gradualmente aos filhos, mostrar-lhes a verdade sobre a sexualidade e a vida humana. Segundo: deve-se, desde o começo, ensinar-lhes o nome correto dos órgãos sexuais. Isso evita que, no futuro, a criança use palavras sujas e desapropriadas para designá-los. Terceiro, quando se chega à adolescência, é necessário que os pais expliquem aos seus filhos as transformações que vão acontecer em seu corpo. "A experiência demonstra que este diálogo se desenvolve melhor quando o 'pai' que comunica as informações biológicas, afetivas, morais e espirituais, é do mesmo sexo da criança ou do jovem"11. Portanto, preferencialmente, que os pais falem com os filhos e as mães falem com as filhas, e que deem às transformações da puberdade um bom sentido, ressaltando especialmente o aspecto da paternidade/maternidade, que é a vocação para a qual Deus chama os homens e as mulheres.

O segundo documento da Cúria Romana sobre a educação sexual é do Pontifício Conselho para a Família e chama-se "Sexualidade Humana: Verdade e Significado – Orientações Educativas em Família"12.

Na página 31 deste documento, são fixados alguns princípios operativos importantes, que merecem ser comentados:

    i) "A sexualidade humana é um mistério sagrado que deve ser apresentado segundo o ensinamento doutrinal e moral da Igreja, tendo sempre em conta os efeitos do pecado original". Mais uma vez, a doutrina católica expressa seu repúdio àquele naturalismo rousseauniano, que considera o homem "um bom selvagem". São inspirados nessa mentalidade permissiva que muitos pais deixam seus filhos andar pelados em casa, por exemplo. Isto não se coaduna com o ensinamento moral do Magistério da Igreja. "Ignorar que o homem tem uma natureza lesada, inclinada ao mal, dá lugar a graves erros no campo da educação"13.

    ii) "Devem ser apresentadas às crianças e aos jovens somente informações proporcionadas a cada fase do seu desenvolvimento individual". Este princípio, esmiuçado no decorrer do texto, deve ser seguido levando em conta o que está efetivamente acontecendo na vida da criança e da família. Os pais devem fiscalizar frequentemente o material escolar de seus filhos e aquilo que lhes é passado pelos professores, já que, não poucas vezes, as escolas ensinam perversões sexuais desde cedo aos alunos.

    iii) "Nenhum material de natureza erótica deve ser apresentado a crianças ou a jovens de qualquer idade, individualmente ou em grupo". A educação sexual deve respeitar o pudor. É inadmissível que se apresentem às crianças e aos jovens – como já se vê acontecer em vários lugares – pênis de plástico, aulas ensinando como colocar uma camisinha etc. As famílias devem opor-se ferrenhamente a estes métodos despudorados de educação sexual.

    iv) "Nunca ninguém deve ser convidado, tanto menos obrigado, a agir de qualquer modo que possa ofender objetivamente a modéstia ou que, subjetivamente, possa lesar a sua delicadeza ou sentido de 'privacidade'."

Por fim, como última recomendação, apresenta-se o já conhecido resumo do livro de Dale O'Leary sobre agenda de gênero14. Trata-se de uma realidade que está para ser implantada em nossas escolas. Ainda não existem leis que obriguem os professores a ensinarem a agenda de gênero. Então, enquanto há tempo, é preciso que expliquemos às pessoas de boa fé em que ela consiste. A ideologia de gênero é uma manipulação segundo a qual o ser humano nasce com o sexo, mas, depois, com o tempo, ele desenvolve o "gênero" que quiser. Se esta cartilha revolucionária for adotada, os professores serão instruídos a manipular as crianças, dizendo que, quando crescerem, poderão escolher a "identidade de gênero" que quiserem, como se a sexualidade fosse um laboratório de testes.

A destruição moral está entrando gradualmente nas escolas: entrou, primeiro, com o naturalismo, negando a existência do pecado original e o auxílio da graça; depois, propondo perversões sexuais, como a masturbação, e os métodos contraceptivos como bons e aceitáveis. Agora, por fim, quer-se implantar a ideologia de gênero, uma espécie de upgrade da deseducação sexual. O caminho ladeira abaixo está sendo pavimentado rapidamente.

O que nós devemos fazer? É importante baixar este resumo sobre a agenda de gênero, imprimi-lo e fazer um verdadeiro apostolado, distribuindo-o a pais e professores, para que tomem consciência do risco que espreita nossas crianças.

Faça quantas cópias forem necessárias e vá pessoalmente aos professores da escola do seu filho, porque muitos deles não sabem que estão sendo manipulados! Com certeza, a despeito de uma minoria engajada com a política de gênero, a maioria esmagadora dos professores ficará profundamente agradecida com este trabalho, pois ficará consciente de uma realidade que os próprios ideólogos de gênero procuram, sordidamente, ocultar.

Fonte site: Padre Paulo Ricardo

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