quinta-feira, 1 de novembro de 2012

02 DE NOVEMBRO - DEDICADO AOS FIÉIS DEFUNTOS

02 de novembro, dia dos fiéis defuntos. Para a Igreja católica não se trata de um feriado qualquer, mas de uma oportunidade de rezarmos  pelos entes queridos que buscam a plenitude da vida diante da face de Deus. Desde os primeiros séculos, os cristãos já visitavam os túmulos dos mártires para rezar por eles e por todos aqueles que um dia fizeram parte da comunidade primitiva. No século XIII, o dia dos fiéis defuntos passou a ser celebrado em 2 de novembro, já que no dia 1 de novembro era comemorada a solenidade de todos os santos.

A Igreja sempre celebra aquilo que provém de uma tradição, daquilo que é fruto de uma experiência de fé no seio da comunidade cristã. O professor de teologia da vida consagrada no Instituto Regional para a Formação Presbiteral do Regional Norte 2, Frei Ribamar Gomes de Souza, explicou que Santo Isidório de Servilha chegou a apontar que o fato de oferecer sufrágios e orações pelos mortos é um costume tão antigo na Igreja que pode ter sido ensinado pelos apóstolos. O Frei salienta ainda qual o significado do dia de finados, que para o Catolicismo é uma data tão importante.

"A comemoração de todos os fiéis falecidos evidencia a única Igreja de Cristo como: peregrina, purgativa e triunfante que celebra o mistério pascal", disse.

É a esperança que deve brotar no coração dos cristãos, os quais são convidados a não parar na morte, mas enxergá-la na perspectiva da ressurreição de Cristo.

”Às vezes olhamos a nossa vida numa perspectiva de uma tumba que será fechada com a terra e com uma pedra em cima, mas para nós cristãos, Cristo está diante dessa pedra ele que é a Ressurreição e a vida. Ele olha através da pedra e ver a cada um de nós", salientou.

Dia de finados e purgatório. 
O purgatório que faz parte da doutrina escatológica da Igreja é a condição de purificação que as almas devem passar para apresentarem-se sem mancha diante de Deus. Ao contrário do que se pensa, não trata-se de um castigo, mas de uma intervenção da misericórdia de Deus. A doutrina do Purgatório veio definida no segundo Concílio de Lion em 1274. Frei Ribamar Gomes explica que este dia serve para rezarmos preferencialmente pelas almas dos purgatório, as quais precisam de purificação para adentrarem no Paraíso.

"O purgatório nos transforma na figura sem mancha, ou seja, no verdadeiro recipiente da eterna alegria. No purgatório a alegria do encontro com Deus que acontecerá, supera a dor e o sofrimento. Só não acredita no purgatório quem duvida da misericórdia de Deus. o verdadeiro significado do dia de finados só pode ser encontrado no amor de Deus".

Frei José Ribamar Gomes de Souza - Fonte: Canção Nova

 Dia dos finados e a fé

Estamos no Ano da Fé. Esta é a luz que ilumina o dia dos finados. Na fé podemos dizer: “minha morte será o dia mais feliz da minha vida” (P Haring). A celebração do dia dos mortos é uma oportunidade impar para uma catequese sobre a fé. Tudo que realizamos neste dia tem sua fonte na fé. As velas acesas são símbolo da fé e das boas obras que nunca se apagam. Jesus é a luz sem ocaso. Vamos refletir sobre a fé e o dia dos finados.

Primeiro, fé na ressurreição - Nossa morte é nossa páscoa. Para o cristão não existe só a morte. Somos testemunhas da fé na ressurreição. Assim, o dia dos mortos é dia de confissão de fé na vida eterna, no céu, no futuro, na ressurreição, na esperança. Cremos um dia estar com Cristo no céu.

Segundo, fé na comunhão dos santos - Nossa fé não permite crença na reencarnação. Cremos que os mortos, os santos, são nossos advogados, intercessores, nossos bons anjos. Rezamos por eles e eles por nós. Que beleza, que prodígio. A fé une a Igreja peregrina padecente e triunfante, ou seja, a Igreja na terra, no purgatório e no céu.

Terceiro, a fé na remissão dos pecados - Deus quer salvar a todos e concede a todos a graça suficiente. A Igreja abre todas as portas do perdão na hora da morte, porque é hora da decisão definitiva. Em cada Ave Maria rezamos para que a mãe de Deus esteja conosco nesta hora. Assim podemos perder o medo da morte e não ter medo nem dos mortos e nem do cemitério. Nossos túmulos são escolas de reflexão sobre nossa fragilidade e santuários que preservam a dignidade humana. Os mortos nos dizem: “Eu era o que tu és, tu serás o que sou”. Lembremos que o bem, o amor, a Palavra permanecem e que Deus não passa.

Quarto, cremos que o céu é preparado na terra pelas boas obras, pela reta consciência e reta intenção, pelo amor fraterno especialmente aos pobres e sofredores. Na terra preparamos o céu. Tudo tem sentido e valor, sob a luz da fé.

Quinto, a fé na vida - A morte não tem o domínio, a vitória, o poder final. Ela é relativizada pela fé na ressurreição. Nossa vida não é tirada, mas, transformada. “Não morro, entro na vida” (Sta. Terezinha). As Sagradas Escrituras falam da glória, da felicidade, da coroação, da honra, da plenitude da vida após a morte. A vida não acaba, entra em outra dimensão.

Sexto, fé nas promessas de Deus - Sabemos que Deus não mente, não engana, nem se engana. Ele nos criou para a vida. Em Jesus, o Pai cumpriu todas as suas promessas. Ele nos adotou como filhos e quer que tenhamos comunhão, amizade, convivência com Ele. Ele é o Deus dos vivos. Lutemos contra a cultura da morte. Evitemos a pior morte que é o pecado grave e peçamos a morte mística que é a superação do egoísmo, o esvaziamento do nosso ego.

Sétimo, fé nas Sagradas Escrituras - Tudo o que dizemos sobre a vida após a morte, tem seu fundamento nas Escrituras, na Palavra de Deus. O próprio Jesus se referia às Escrituras para falar da sua ressurreição. A s coisas últimas, morte, juízo, purgatório, inferno e céu são realidades reveladas ou fundamentadas nas Escrituras. Já o livro dos Macabeus e de Jó aludem à ressurreição. Jesus em sua pregação referia-se constantemente às coisas futuras, à ressurreição, à vida eterna.

Santo Agostinho reza diante do túmulo: “Nós vivemos neste mundo, tu agora vives no mundo do Criador, o céu. O fio entre nós não foi cortado. Estou apenas fora das vossas vistas, mas estamos em comunhão”. No túmulo de Gandhi estão escritos os Sete Pecados da humanidade hoje: política sem princípios; riqueza sem trabalho; prazer sem consciência; conhecimento sem caráter; economia sem ética; ciência sem humanidade; religião sem sacrifício.

Autor: Dom Orlando Brandes - Arcebispo de Londrina
Fonte: Portal católico

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