sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

SOBRE O MISSAL ROMANO, SAIBA TUDO SOBRE A LITURGIA E RITUAIS DA SANTA MISSA

RESTAURADO POR DECRETO DO CONCÍLIO
ECUMÊNICO VATICANO II,
PROMULGADO PELA AUTORIDADE DE PAULO VI
E REVISTO POR MANDADO DO PAPA JOÃO PAULO II

1.         Quando ia celebrar com seus discípulos a ceia pascal, onde instituiu o sacrifício do seu Corpo e Sangue, o Cristo Senhor mandou preparar uma sala ampla e mobiliada (Lc 22,12). A Igreja sempre julgou dirigida a si esta ordem, estabelecendo como preparar as pessoas, os lugares, os ritos e os textos, para a celebração da Santíssima Eucaristia. Assim, as normas atuais, prescritas segundo determinação do Concílio Vaticano II, e o Novo Missal, que a partir de agora será usado na Igreja de Rito romano para a celebração da Missa, são provas da solicitude da Igreja, manifestando sua fé e amor imutáveis para com o supremo mistério eucarístico, e testemunhando uma contínua e ininterrupta tradição, ainda que algumas novidades sejam introduzidas.

Adaptação às novas condições

10.       O novo Missal, portanto, dando testemunho da norma de oração da Igreja romana e conservando o depósito da fé legado pelos concílios mais recentes, constitui por sua vez uma etapa de grande importância na tradição litúrgica.

            Quando os Padres do Concílio Vaticano II reafirmaram os dogmas do Concílio Tridentino, falaram numa época da história bastante diferente; por isso formularam, em matéria pastoral, desejos e conselhos que há quatro séculos não se podiam prever.









Capítulo I
IMPORTÂNCIA E DIGNIDADE DA CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA

17.       É por isso de máxima conveniência dispor a celebração da Missa ou Ceia do Senhor de tal forma que os ministros sagrados e os fiéis, participando cada um conforme sua condição, recebam mais plenamente aqueles frutos(26) que o Cristo Senhor quis prodigalizar, ao instituir o sacrifício eucarístico de seu Corpo e Sangue, confiando-o à usa dileta esposa, a Igreja, como memorial de sua paixão e ressurreição(27).

18.       Isto se conseguirá de modo adequado se, levando em conta a natureza e as circunstâncias de cada assembléia litúrgica, toda a celebração for disposta de tal modo que leve os fiéis à participação consciente, ativa e plena do corpo e do espírito, animada pelo fervor da fé, da esperança e da caridade. Esta é a participação ardentemente desejada pela Igreja e exigida pela própria natureza da celebração; ela constitui um direito e um dever do povo cristão em virtude do seu batismo(28).

19.       Embora às vezes não se possa contar com a presença dos fiéis e sua participação ativa, que manifestam mais claramente a natureza eclesial da celebração(29), a celebração eucarística conserva sempre sua eficácia e dignidade, uma vez que é ação de Cristo e da Igreja, na qual o sacerdote cumpre seu múnus principal e age sempre pela salvação do povo.

            Por isso, recomenda-se que ele, na medida do possível, celebre mesmo diariamente o sacrifício eucarístico30.

20.       Realizando-se a celebração da Eucaristia, como também toda a Liturgia, por meio de sinais sensíveis que alimentam, fortalecem e exprimem a fé(31), deve-se escolher e dispor com o maior cuidado as formas e elementos propostos pela Igreja que, em vista das circunstâncias de pessoas e lugares, promovam mais intensamente a participação ativa e plena dos fiéis, e que melhor respondam às suas necessidades espirituais.

21.       A presente Instrução, portanto, visa apresentar as linhas gerais segundo as quais se deve ordenar a celebração da Eucaristia, bem como expor as regras para cada forma particular de celebração(32).

CAPÍTULO II
ESTRUTURA, ELEMENTOS E PARTES DA MISSA

I.         ESTRUTURA GERAL DA MISSA

27.       Na Missa ou Ceia do Senhor, o povo de Deus é convocado e reunido, sob a presidência do sacerdote que representa a pessoa de Cristo, para celebrar a memória do Senhor ou sacrifício eucarístico37. Por isso, a esta reunião local da santa Igreja aplica-se, de modo eminente, a promessa de Cristo: "Onde dois ou três estão reunidos no meu nome, eu estou no meio deles" (Mt 18, 20). Pois, na celebração da Missa, em que se perpetua o sacrifício da cruz38, Cristo está realmente presente tanto na assembléia reunida em seu nome, como na pessoa do ministro, na sua palavra, e também, de modo substancial e permanente, sob as espécies eucarísticas(39).

28.       A Missa consta, por assim dizer, de duas partes, a saber, a liturgia da palavra e a liturgia eucarística, tão intimamente unidas entre si, que constituem um só ato de culto40. De fato, na Missa se prepara tanto a mesa da Palavra de Deus como a do Corpo de Cristo, para ensinar e alimentar os fiéis(41). Há também alguns ritos que abrem e encerram a celebração.

II.        OS DIVERSOS ELEMENTOS DA MISSA

Importância do canto
39.       O Apóstolo aconselha os fiéis, que se reúnem em assembléia para aguardar a vinda do Senhor, a cantarem juntos salmos, hinos e cânticos espirituais (cf. Cl 3, 16), pois o canto constitui um sinal de alegria do coração (cf. At 2, 46). Por isso, dizia com razão Santo Agostinho: "Cantar é próprio de quem ama"(48), e há um provérbio antigo que afirma: "Quem canta bem, reza duas vezes".

40.       Portanto, dê-se grande valor ao uso do canto na celebração da Missa, tendo em vista a índole dos povos e as possibilidades de cada assembléia litúrgica. Ainda que não seja necessário cantar sempre todos os textos de per si destinados ao canto, por exemplo nas Missas dos dias de semana, deve-se zelar para que não falte o canto dos ministros e do povo nas celebrações dos domingos e festas de preceito.

            Na escolha das partes que de fato são cantadas, deve-se dar preferência às mais importantes e sobretudo àquelas que o sacerdote, o diácono, o leitor cantam com respostas do povo; ou então àquelas que o sacerdote e o povo devem proferir simultaneamente(49).

41.       Em igualdade de condições, o canto gregoriano ocupa o primeiro lugar, como próprio da Liturgia romana. Outros gêneros de música sacra, especialmente a polifonia, não são absolutamente excluídos, contanto que se harmonizem com o espírito da ação litúrgica e favoreçam a participação de todos os fiéis(50).

            Uma vez que se realizam sempre mais freqüentemente reuniões internacionais de fiéis, convém que aprendam a cantar juntos em latim ao menos algumas partes do Ordinário da Missa, principalmente o símbolo da fé e a oração do Senhor, empregando-se melodias mais simples(51).

O silêncio
45.       Oportunamente, como parte da celebração deve-se observar o silêncio sagrado54. A sua natureza depende do momento em que ocorre em cada celebração. Assim, no ato penitencial e após o convite à oração, cada fiel se recolhe; após uma leitura ou a homilia, meditam brevemente o que ouviram; após a comunhão, enfim, louvam e rezam a Deus no íntimo do coração.

            Convém que já antes da própria celebração se conserve o silêncio na igreja, na sacristia, na secretaria e mesmo nos lugares mais próximos, para que todos se disponham devota e devidamente para realizarem os sagrados mistérios.

III. AS PARTES DA MISSA
A)        RITOS INICIAIS
 

Entrada
47.       Reunido o povo, enquanto o sacerdote entra com o diácono e os ministros, começa o canto da entrada. A finalidade desse canto é abrir a celebração, promover a união da assembléia, introduzir no mistério do tempo litúrgico ou da festa, e acompanhar a procissão do sacerdote e dos ministros.

48.       O canto é executado alternadamente pelo grupo de cantores e pelo povo, ou pelo cantor e pelo povo, ou só pelo grupo de cantores. Pode-se usar a antífona com seu salmo, do Gradual romano ou do Gradual simples, ou então outro canto condizente com a ação sagrada55 e com a índole do dia ou do tempo, cujo texto tenha sido aprovado pela Conferência dos Bispos.

            Não havendo canto à entrada, a antífona proposta no Missal é recitada pelos fiéis, ou por alguns deles, ou pelo leitor; ou então, pelo próprio sacerdote, que também pode adaptá-la a modo de exortação inicial (cf. n. 31).

Senhor, tende piedade
52.       Depois do ato penitencial inicia-se sempre o Senhor, tende piedade, a não ser que já tenha sido rezado no próprio ato penitencial. Tratando-se de um canto em que os fiéis aclamam o Senhor e imploram a sua misericórdia, é executado normalmente por todos, tomando parte nele o povo e o grupo de cantores ou o cantor.

            Via de regra, cada aclamação é repetida duas vezes, não se excluindo, porém, um número maior de repetições por causa da índole das diversas línguas, da música ou das circunstâncias. Quando o Senhor é cantado como parte do ato penitencial, antepõe-se a cada aclamação uma "invocação"("tropo").

Glória a Deus nas alturas
53.       O Glória, é um hino antiqüíssimo e venerável, pelo qual a Igreja, congregada no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus Pai e ao Cordeiro. O texto deste hino não pode ser substituído por outro. Entoado pelo sacerdote ou, se for o caso, pelo cantor ou o grupo de cantores, é cantado por toda a assembléia, ou pelo povo que o alterna com o grupo de cantores ou pelo próprio grupo de cantores. Se não for cantado, deve ser recitado por todos juntos ou por dois coros dialogando entre si.

            É cantado ou recitado aos domingos, exceto no tempo do Advento e da Quaresma, nas solenidades e festas e ainda em celebrações especiais mais solenes.

B)        LITURGIA DA PALAVRA

O silêncio

56.       A liturgia da palavra deve ser celebrada de tal modo que favoreça a meditação; por isso deve ser de todo evitada qualquer pressa que impeça o recolhimento. Integram-na também breves momentos de silêncio, de acordo com a assembléia reunida, pelos quais, sob a ação do Espírito Santo, se acolhe no coração a Palavra de Deus e se prepara a resposta pela oração. Convém que tais momentos de silêncio sejam observados, por exemplo, antes de se iniciar a própria liturgia da palavra, após a primeira e a segunda leitura, como também após o término da homilia60.

Salmo responsorial

61.       À primeira leitura segue-se o salmo responsorial, que é parte integrante da liturgia da palavra, oferecendo uma grande importância litúrgica e pastoral, por favorecer a meditação da palavra de Deus.

            O Salmo responsorial deve responder a cada leitura e normalmente será tomado do lecionário.

            De preferência, o salmo responsorial será cantado, ao menos no que se refere ao refrão do povo. Assim, o salmista ou cantor do salmo, do ambão ou outro lugar adequado profere os versículos do salmo, enquanto toda a assembléia escuta sentada, geralmente participando pelo refrão, a não ser que o salmo seja proferido de modo contínuo, isto é, sem refrão. Mas, para que o povo possa mais facilmente recitar o refrão salmódico, foram escolhidos alguns textos de refrões e de salmos para os diversos tempos do ano e as várias categorias de Santos, que poderão ser empregados em lugar do texto correspondente à leitura, sempre que o salmo é cantado. Se o salmo não puder ser cantado, seja recitado do modo mais apto para favorecer a meditação da palavra de Deus.

            Em lugar do salmo proposto no lecionário pode-se cantar também um responsório gradual do Gradual romano ou um salmo responsorial ou aleluiático do Gradual Simples, como se encontram nesses livros.

Aclamação antes da proclamação do Evangelho
62.       Após a leitura que antecede imediatamente o Evangelho, canta-se o Aleluia ou outro canto estabelecido pelas rubricas, conforme exigir o tempo litúrgico. Tal aclamação constitui um rito ou ação por si mesma, através do qual a assembléia dos fiéis acolhe o Senhor que lhe vai falar no Evangelho, saúda-o e professa sua fé pelo canto. É cantado por todos, de pé, primeiramente pelo grupo de cantores ou cantor, sendo repetido, se for o caso; o versículo, porém, é cantado pelo grupo de cantores ou cantor.

a) O Aleluia é cantado em todo o tempo, exceto na Quaresma. O Versículo é tomado do lecionário ou do Gradual.

b) No Tempo da Quaresma, no lugar do Aleluia, canta-se o versículo antes do Evangelho proposto no lecionário. Pode-se cantar também um segundo salmo ou trato, como se encontra no Gradual.

63.       Havendo apenas uma leitura antes do Evangelho:
            a) no tempo em que se diz o Aleluia, pode haver um salmo aleluiático, ou um salmo e o Aleluia com seu versículo;

b) no tempo em que não se diz o Aleluia, pode haver um salmo e o versículo antes do Evangelho ou somente o salmo;

            c) O Aleluia ou o versículo antes do Evangelho podem ser omitidos quando não são cantados.

64.       A seqüência que, exceto nos dias da Páscoa e de Pentecostes, é facultativa, é cantada antes do Aleluia.
 

68.       O símbolo deve ser cantado ou recitado pelo sacerdote com o povo aos domingos e solenidades; pode-se também dizer em celebrações especiais de caráter mais solene.

            Quando cantado, é entoado pelo sacerdote ou, se for oportuno, pelo cantor ou pelo grupo de cantores; é cantado por todo o povo junto, ou pelo povo alternando com o grupo de cantores.

            Se não for cantado, será recitado por todos juntos, ou por dois coros alternando entre si.

C)        LITURGIA EUCARÍSTICA
74.       O canto do ofertório acompanha a procissão das oferendas (cf. n. 37, b) e se prolonga pelo menos até que os dons tenham sido colocados sobre o altar. As normas relativas ao modo de cantar são as mesmas que para o canto da entrada (cf. n. 48). O canto pode sempre fazer parte dos ritos das oferendas, mesmo sem a procissão dos dons.

Fração do pão
83.       O sacerdote parte o pão eucarístico, ajudado, se for o caso, pelo diácono ou um concelebrante. O gesto da fração realizado por Cristo na última ceia, que no tempo apostólico deu o nome a toda a ação eucarística, significa que muitos fiéis pela Comunhão no único pão da vida, que é o Cristo, morto e ressuscitado pela salvação do mundo, formam um só corpo ( 1Cor 10, 17). A fração se inicia terminada a transmissão da paz, e é realizada com a devida reverência, contudo, de modo que não se prolongue desnecessariamente nem seja considerada de excessiva importância. Este rito é reservado ao sacerdote e ao diácono.

            O sacerdote faz a fração do pão e coloca uma parte da hóstia no cálice, para significar a unidade do Corpo e do Sangue do Senhor na obra da salvação, ou seja, do Corpo vivente e glorioso de Cristo Jesus. O grupo dos cantores ou o cantor ordinariamente canta ou, ao menos, diz em voz alta, a súplica Cordeiro de Deus, à qual o povo responde. A invocação acompanha a fração do pão; por isso, pode-se repetir quantas vezes for necessário até o final do rito. A última vez conclui-se com as palavras dai-nos a paz.

Comunhão
86.       Enquanto o sacerdote recebe o Sacramento, entoa-se o canto da comunhão que exprime, pela unidade das vozes, a união espiritual dos comungantes, demonstra a alegria dos corações e realça mais a índole "comunitária" da procissão para receber a Eucaristia. O canto prolonga-se enquanto se ministra a Comunhão aos fiéis(74). Havendo, porém, um hino após a Comunhão, encerre-se em tempo o canto da Comunhão.

            Haja o cuidado para que também os cantores possam comungar com facilidade.

87.       Para o canto da comunhão pode-se tomar a antífona do Gradual romano, com ou sem o salmo, a antífona com o salmo do Gradual Simples ou outro canto adequado, aprovado pela Conferência dos Bispos. O canto é executado só pelo grupo dos cantores ou pelo grupo dos cantores ou cantor com o povo.

            Não havendo canto, a antífona proposta no Missal pode ser recitada pelos fiéis, por alguns dentre eles ou pelo leitor, ou então pelo próprio sacerdote, depois de ter comungado, antes de distribuir a Comunhão aos fiéis.

88.       Terminada a distribuição da Comunhão, ser for oportuno, o sacerdote e os fiéis oram por algum tempo em silêncio. Se desejar, toda a assembléia pode entoar ainda um salmo ou outro canto de louvor ou hino.

D)        RITOS DE ENCERRAMENTO

90.       Aos ritos de encerramento pertencem:

            a) breves comunicações, se forem necessárias;

            b) saudação e bênção do sacerdote, que em certos dias e ocasiões é enriquecida e expressa pela oração sobre o povo, ou por outra fórmula mais solene;

            c) despedida do povo pelo diácono ou pelo sacerdote, para que cada qual retorne às suas boas obras, louvando e bendizendo a Deus;

            d) o beijo ao altar pelo sacerdote e o diácono e, em seguida, a inclinação profunda ao altar pelo sacerdote, o diácono e os outros ministros.

CAPÍTULO III
FUNÇÕES E MINISTÉRIOS NA MISSA

II.        FUNÇÕES DO POVO DE DEUS
95.       Na celebração da Missa os fiéis constituem o povo santo, o povo adquirido e o sacerdócio régio, para dar graças a Deus e oferecer o sacrifício perfeito, não apenas pelas mãos do sacerdote, mas também juntamente com ele, e aprender a oferecer-se a si próprios83. Esforcem-se, pois, por manifestar isto através de um profundo senso religioso e da caridade para com os irmãos que participam da mesma celebração.

            Por isso, evitem qualquer tipo de individualismo ou divisão, considerando sempre que todos têm um único Pai nos céus e, por este motivo, são todos irmãos entre si.


96.       Formem um único corpo, seja ouvindo a palavra de Deus, seja tomando parte nas orações e no canto, ou sobretudo na oblação comum do sacrifício e na comum participação da mesa do Senhor. Tal unidade se manifesta muito bem quando todos os fiéis realizam em comum os mesmos gestos e assumem as mesmas atitudes externas.

97.       Os fiéis não se recusem a servir com alegria ao povo de Deus, sempre que solicitados para algum ministério particular ou função na celebração.

IV.       A DISTRIBUIÇÃO DAS FUNÇÕES E A PREPARAÇÃO DA CELEBRAÇÃO
111.     A preparação prática de cada celebração litúrgica, com espírito dócil e diligente, de acordo com o Missal e outros livros litúrgicos, seja feita de comum acordo por todos aqueles a quem diz respeito, seja quanto aos ritos, seja quanto ao aspecto pastoral e musical, sob a direção do reitor da igreja e ouvidos também os fiéis naquilo que diretamente lhes concerne. Contudo, ao sacerdote que preside a celebração, fica sempre o direito de dispor sobre aqueles elementos que lhe competem(90).

CAPÍTULO V
 DISPOSIÇÃO E ORNAMENTAÇÃO DAS IGREJAS PARA A CELEBRAÇÃO DA EUCARISTIA
III. A DISPOSIÇÃO DA IGREJA
O lugar do grupo de cantores e dos instrumentos musicais

312.     O grupo dos cantores, segundo a disposição de cada igreja, deve ser colocado de tal forma que se manifeste claramente sua natureza, isto é, que faz parte da assembléia dos fiéis, onde desempenha um papel particular; que a execução de sua função se torne mais fácil; e possa cada um de seus membros facilmente obter uma participação plena na Missa, ou seja, participação sacramental(123).


313.     O órgão e outros instrumentos musicais legitimamente aprovados sejam colocados em tal lugar que possam sustentar o canto do grupo de cantores e do povo e possam ser facilmente ouvidos, quando tocados sozinhos. Convém que o órgão seja abençoado antes de ser destinado ao uso litúrgico, segundo o rito descrito no Ritual Romano(124).

            No Tempo do Advento o órgão e outros instrumentos musicais sejam usados com moderação tal que convenha à índole desse tempo, sem contudo, antecipar aquela plena alegria do Natal do Senhor.

            No Tempo da Quaresma o toque do órgão e dos outros instrumentos é permitido somente para sustentar o canto. Excetuam-se, porém, o domingo "Laetare" (IV na Quaresma), as solenidades e as festas.

352.     A eficácia pastoral da celebração aumentará certamente, se os textos das leituras, das orações e dos cantos corresponderem, na medida do possível, às necessidades, à preparação espiritual e à mentalidade dos participantes. Isto se obterá mais facilmente usando-se a múltipla possibilidade de escolha que se descreve adiante.

            Por conseguinte, na organização da Missa, o sacerdote levará mais em conta o bem espiritual de toda a assembléia do que o seu próprio gosto. Lembre-se ainda de que a escolha das diversas partes deve ser feita em comum acordo com os que exercem alguma função especial na celebração, sem excluir absolutamente os fiéis naquilo que se refere a eles de modo mais direto.

            Sendo muito grande a possibilidade de escolha para as diversas partes da Missa, é necessário que antes da celebração, o diácono, os leitores, o salmista, o cantor, o comentarista, o grupo dos cantores, saibam exatamente cada um quais os textos que lhes competem, para que nada se faça de improviso, pois a harmoniosa organização e execução dos ritos muito contribuem para dispor os fiéis à participação da Eucaristia.


II.        A ESCOLHA DAS PARTES DA MISSA
Cantos

366.     Não é lícito substituir os cantos colocados no Ordinário da Missa, por exemplo, o Cordeiro de Deus, por outros cantos.

367.     Na seleção dos cantos interlecionais e dos cantos da Entrada, das Oferendas e da Comunhão, observem-se as normas estabelecidas nos respectivos lugares (cf. n. 40-41, 47-48, 61-64, 74, 87-88).

CAPÍTULO IX
ADAPTAÇÕES QUE COMPETEM AOS BISPOS E ÀS SUAS CONFERÊNCIAS

386.     A renovação do Missal Romano, realizada segundo as exigências do nosso tempo, de acordo com as normas do Concílio Vaticano II, teve o máximo cuidado para que todos os fiéis pudessem garantir, na celebração eucarística, aquela plena, consciente e ativa participação que a própria natureza da Liturgia exige e à qual os próprios fiéis, por força de sua condição, têm direito e obrigação(147).

            Para que a celebração corresponda mais plenamente às normas e ao espírito da sagrada Liturgia, propõem-se nesta Instrução e no Ordinário da Missa algumas adaptações, confiadas ao critério do Bispo diocesano ou às Conferências dos Bispos.

388.     As adaptações, de que se trata abaixo, que pedem uma coordenação mais ampla, devem ser especificadas, conforme as normas do direito, na Conferência dos Bispos.

389.     Compete às Conferências dos Bispos antes de tudo preparar e aprovar a edição deste Missal Romano nas diversas línguas vernáculas, para que, reconhecidas pela Sé Apostólica, sejam usadas nas respectivas regiões(149).

            O Missal Romano deve ser publicado integralmente tanto no texto latino como nas versões em vernáculo legitimamente aprovadas.

390.     Compete às Conferências dos Bispos definir as adaptações, e introduzi-las no próprio Missal, com a aprovação da Sé Apostólica, pontos indicados nesta Instrução geral e no Ordinário da Missa, como:

            - gestos e posições do corpo dos fiéis (cf. acima, n. 43);

            - gestos de veneração ao altar e ao Evangeliário (cf. acima, n. 273);

            - textos dos cantos da Entrada, da Preparação das oferendas e da Comunhão (cf. acima, n. 48, 74 e 87);

            - a escolha de leituras da Sagrada Escritura a serem usadas em circunstâncias peculiares (cf. acima, n. 362);

            - a forma de dar a paz (cf. acima, n. 82);

            - o modo de receber a sagrada Comunhão (cf. acima, n. 160 e 283);

            - o material para a confecção do altar e das sagradas alfaias, sobretudo dos vasos sagrados, bem como a forma e a cor das vestes litúrgicas (cf. acima, n. 301, 326, 329, 339, 342-346).

            Contudo, Diretórios ou Instruções pastorais, consideradas úteis pelas Conferências dos Bispos, após prévia aprovação da Sé Apostólica, poderão ser introduzidas, em lugar apropriado, no Missal Romano.

393.     Tendo em vista o lugar proeminente que o canto recebe na celebração, como parte necessária ou integrante da liturgia(152), compete às Conferências dos Bispos aprovar melodias adequadas, sobretudo para os textos do Ordinário da Missa, para as respostas e aclamações do povo e para celebrações peculiares que ocorrem durante o ano litúrgico.

            Cabe-lhes igualmente decidir quanto aos gêneros musicais, melodias e instrumentos musicais, que possam ser admitidos no culto divino e, até que ponto realmente são adequados ou poderão adaptar-se ao uso sagrado.

395.     Finalmente, se a participação dos fiéis e o seu bem espiritual exigirem variações e adaptações mais profundas, para que a sagrada celebração responda à índole e às tradições dos diversos povos, as Conferências dos Bispos podem propô-las à Sé Apostólica, segundo o art. 40 da Constituição sobre a sagradas Liturgia, para introduzi-las com o seu consentimento, sobretudo em favor de povos a quem o Evangelho foi anunciado mais recentemente156. Observem-se atentamente as normas peculiares emanadas pela Instrução "A Liturgia Romana e a Inculturação"(157).

            Quanto ao modo de proceder neste ponto, observe-se o seguinte:
            Primeiramente se apresente um projeto pormenorizado à Sé Apostólica, para, com a devida autorização, proceder à elaboração de cada uma das adaptações.

            Depois de estas propostas serem devidamente aprovadas pela Sé Apostólica, realizem-se as experimentações nos períodos de tempos e lugares estabelecidos. Se for o caso, esgotado o tempo de experimentação, a Conferência dos Bispos determinará a continuação das adaptações, apresentando à apreciação da Sé Apostólica uma formulação madura sobre o assunto(158).

396.     Contudo, antes que se dê início a novas adaptações, sobretudo, mais profundas, dever-se-á ter o grande cuidado de promover sábia e ordenadamente a devida formação do clero e dos fiéis; que as faculdades já previstas sejam levadas a efeito e as normas pastorais, correspondentes ao espírito da celebração, sejam plenamente aplicadas.

397.     Observe-se também o princípio, segundo o qual cada Igreja particular deve estar de acordo com a Igreja universal não só quanto à doutrina da fé e os sinais sacramentais, mas também quanto aos usos universalmente aceitos pela tradição apostólica e ininterrupta, que devem ser observados não só para evitar os erros, mas também para transmitir a integridade da fé, visto que a regra da oração da Igreja corresponde à sua regra da fé(159).

            O Rito Romano constitui uma parte notável e preciosa do tesouro litúrgico e do patrimônio da Igreja católica, cujas riquezas contribuem para o bem da Igreja universal, a tal ponto que sua perda gravemente a prejudicaria.

            Tal rito no decorrer dos séculos não só conservou os usos litúrgicos originários da cidade de Roma, mas de modo profundo, orgânico e harmonioso integrou também em si muitos outros que se derivavam dos costumes e da índole de povos diversos e de diferentes Igrejas particulares tanto do Ocidente como do Oriente, adquirindo assim um certo caráter supra-regional. Nos tempos atuais, a identidade e a expressão unitária deste rito encontra-se nas edições típicas dos livros litúrgicos promulgados pela autoridade do Sumo Pontífice e nos correspondentes livros litúrgicos aprovados pelas Conferências dos Bispos para suas dioceses e confirmados pela Sé Apostólica(160).

398.     A norma estabelecida pelo Concílio Vaticano II, segundo a qual as inovações na reforma litúrgica não se façam a não ser que a verdadeira e certa utilidade da Igreja o exija e tomando a devida cautela de que as novas formas de um certo modo brotem como que organicamente daquelas que já existiam(161), também devem aplicar-se à inculturação do próprio Rito Romano(162). Além disso, a inculturação necessita de um tempo prolongado para que, na precipitação e imprudência, não se prejudique a autêntica tradição litúrgica.

            Finalmente, a busca da inculturação não leva, de modo algum, à criação de novas famílias rituais, mas ao tentar dar resposta às necessidades de determinada cultura o faz de tal modo que as adaptações introduzidas no Missal ou nos outros livros litúrgicos não prejudiquem o caráter proporcionado, típico do Rito romano(163).

399.     Assim pois, o Missal Romano, ainda que na diversidade de línguas e em certa variedade de costumes(164), para o futuro, deverá ser conservado como instrumento e sinal preclaro da integridade e unidade do Rito romano(165)

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