O papa Bento 16 expressou "profunda tristeza" nesta segunda-feira pelos atentados cometidos contra igrejas na Nigéria no fim de semana de Natal, que deixaram mais de 30 mortos.
Foto: Reuters
Carros destruídos por bomba que explodiu em frente a igreja e causou dezenas de mortes na Nigéria (25/12)
Bento 16 classificou como "gesto absurdo" os atentados e pediu para
que todos "rezassem pelas inúmeras vítimas" durante a oração dos
angelos, pronunciada pelo líder da Igreja Católica da janela do palácio
apostólico.
Além do papa, representantes da França, do Reino Unido, da Alemanha e
dos EUA condenaram os ataques atribuídos ao grupo islâmico Boko Haram.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu o fim da violência na
Nigéria, que é o país mais populoso da África, com 160 milhões de
habitantes divididos igualmente entre muçulmanos, majoritários no norte,
e cristãos, mais numerosos no sul,
A seita islâmica Boko Haram, que quer impor a sharia no país mais
populoso da África, assumiu a responsabilidade pelos três ataques a
bomba nas igrejas, o segundo Natal consecutivo que causa derramamento de
sangue em templos cristãos.
O presidente, Goodluck Jonathan, condenou a violência e prometeu
que tudo será feito para que os culpados sejam julgados. Mas, até o
momento, as autoridades não conseguiram impedir que a seita
multiplicasse seus ataques, cada vez mais frequentes e mortais.
Embora as autoridades acusam o Boko Haram, um porta-voz da polícia
afirmou nesta segunda-feira que a investigação sobre o bombardeio
Madalla não exclui outras pistas.
"Nós estamos olhando para além do Boko Haram, pois outros indivíduos,
que desejam desestabilizar o governo, poderiam agir em nome do Boko
Haram", disse Richard Oguchi.
Críticas
Um ex-governante militar fez duras críticas ao governo após os
ataques do fim de semana. Muhammadu Buhari, que perdeu a última eleição
presidencial em abril para o presidente Goodluck Jonathan, disse em um
comunicado publicado em um jornal nigeriano que a resposta do governo às
bombas foi lenta e indiferente.
"Como é possível que o Vaticano e as autoridades britânicas tenham
falado sobre os ataques dentro da Nigéria que provocaram as mortes de
nossos cidadãos antes mesmo do governo nigeriano?", disse Buhari no
comunicado.
"Essa é uma falha clara de liderança, em um momento em que o governo
precisa dar ao povo prova de sua capacidade de garantir a segurança de
vidas e propriedades", disse Buhari.
Ele disse que o governo precisava fazer mais do que gastar em segurança para lidar com o problema.
Jonathan, um cristão do sul que vem tentando conter a ameaça da
militância islâmica, descreveu os ataques como "infelizes", mas disse
que a Boko Haram não "estará aqui para sempre". "Vai acabar um dia",
afirmou.
Nesta segunda-feira, Bento 16 condenou os ataques como um "gesto
absurdo" e orou para que "as mãos dos violentos sejam paradas". O papa,
falando de sua janela acima da Praça de São Pedro, em Roma, disse que
tal violência trazia apenas dor, destruição e morte.
Ataques Coordenados
Os ataques, que aconteceram alguns dias depois de confrontos entre as
forças de segurança e a Boko Haram, que mataram pelo menos 68 pessoas,
deram provas de uma coordenação crescente e de estratégia do grupo, o
que pode fazer soar o alarme na Nigéria e nas capitais ocidentais.
A igreja católica Santa Teresa, em Madala, uma cidade-satélite a
cerca de 40 km do centro da capital do país, Abuja, estava lotada quando
a primeira bomba explodiu em frente do prédio, logo depois da missa de
Natal.
Algumas horas depois, explosões foram registradas na igreja dos
Milagres e na Montanha de Fogo, na cidade de Jos, no centro do país, e
em uma igreja em Gadaka, no estado de Yobe, no norte. Os moradores
disseram que havia muitos feridos em Gadaka.
Um homem-bomba matou quatro agentes do Serviço de Segurança do Estado
em um dos outros ataques na cidade de Damaturu, no nordeste, disse a
polícia. Os moradores escutaram duas grandes explosões e tiros na
cidade.
A Boko Haram - que na língua Hausa falada no norte da Nigéria
significa "educação ocidental é pecaminosa" - é baseada no movimento
Taleban do Afeganistão. Sua insurgência costumava ficar confinada ao
nordeste da Nigéria, mas atingiu várias partes do norte, centro e de
Abuja este ano.
Fontes: IG, Com AP, AFP e Reuters
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