quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Causa-nos grande estupefação ao ver que o símbolo maior do cristianismo, o crucifixo, originou-se de uma condenação infame e cruel, ou como diz Cícero, a mais cruel da penas, a crucificação.

Mas, todavia, a cruz, lembra o crucificado, o Senhor Jesus, que segundo São Paulo, na carta ao Filipenses, 2, 6-11: “Ele (Jesus), embora subsistindo como imagem de Deus, não julgou como um bem a ser conservado com ciúme sua igualdade com Deus, muito pelo contrário: Ele mesmo se reduziu a nada, assumindo condição de servo e tornando-se solidário com os homens. E sendo considerado homem, humilhou-se ainda mais, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz!”

A partir desse enfoque, a cruz, que segundo diz o mesmo São Paulo é um escândalo para os Judeus e loucura para os pagãos (1 Co, 2:23,24) foi o tema central da mensagem do grande apóstolo: “Nós pelo contrário, anunciamos um Cristo crucificado, que é um escândalo para os judeus e uma loucura para os pagãos. Cristo, no entanto, é o poder de Deus e a sabedoria de Deus para os escolhidos, quer judeus, quer gregos. Pois a loucura de Deus é mais forte que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte que a dos homens.”

O Santo Padre Bento XVI ensinou que: “Meditando estas palavras podemos compreender melhor a importância da imagem do Crucifixo para a nossa cultura, para o nosso humanismo nascido da fé cristã. Precisamente olhando para o Crucifixo vemos, como diz Santo António, como é grande a dignidade humana e o valor do homem. Em nenhum outro ponto se pode compreender quanto o homem vale, precisamente porque Deus nos torna tão importantes, nos vê tão importantes, que somos, para Ele, dignos do seu sofrimento; assim, toda a dignidade humana aparece no espelho do Crucifixo e olhar em sua direção é sempre fonte do reconhecimento da dignidade humana”(cf. Audiência geral de 10 de fevereiro de 2010).

Assim, ao vermos Cristo Jesus, pendente do madeiro imediatamente nos lembra suas mensagens: de amor, fraternidade, convivência com os desiguais, paz, conciliação, perdão, compaixão.

Por este fato, um antigo canto cristão diz: “O crux ave, spes unica. Hoc passionis tempore. Piis ad auge gratiam. Veniam dona reisque”. (Salve a cruz, nossa única esperança. Neste tempo de sofrimento concede graça e misericórdia aqueles que aguardam julgamento).

O crucificado, Jesus Cristo, durante séculos foi objeto da iconografia cristã e grandes pintores se celebrizaram com a pintura do Cristo crucificado, tais como Francisco Goya, Diego Velazquez, El Greco, Salvador Dali e outros mais.

Assim, manter-se o crucifixo nas repartições públicas, ainda que o país, como o Brasil, cujo Estado não tem uma religião oficial, mas a sua maioria é cristã, é uma exigência de nossa tradição.

O nosso país nasceu sob a sombra da cruz e não significa ofensa ou desrespeito aos demais credos a presença do Cristo crucificado, ainda, para aqueles que não crêem nele, traz a todos mensagens de paz, amor fraterno e convivência, tolerância, perdão.

Por isso é fácil concluir que ao despirmos nossas repartições públicas do ícone 
do Cristo Crucificado, estamos abandonando não apenas um símbolo do 
cristianismo, mas renegando grandes pintores, grandes poetas, que tiveram no Crucifixo, fonte perene de inspiração e abandonando ou anulando a tradição mais que secular, tentando distorcer ou anular a nossa identidade que tem no cruxificado a sua fonte fundacional. Terminamos com um trecho de um canto de nossa Semana Santa, cantado com fervor por nosso povo cristão: 

                         Bendita e louvada sejam
                         A paixão do Redentor
                         Que por nos livrar das culpas.
                         Padeceu por nosso amor.



Por: Padre Wagner Augusto Portugal
 

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